26 de fev. de 2013

O candidato do terceiro gênero

O que vocês leitores entenderiam se lessem que “Fulano de tal é representante do terceiro gênero”? Esse termo ainda é novo no planeta e se refere ao reconhecimento que alguns países estão fazendo em relação aos transexuais que já estão sendo reconhecidos como cidadãos plenos de direitos e que não devem ficar a margem da sociedade.

Um destes cidadãos do “terceiro gênero” atende pelo nome de Sanam Fakir e com certeza ganhará muita atenção do planeta neste ano. Mas por quê? Simples: Snam será o primeiro transexual a concorrer às próximas eleições no Paquistão. Isso mesmo. Um transexual poderá ser eleito como representante do povo num país conservador, com mais de 90% da população sendo muçulmana. População essa que em 2010 era de mais de 170 milhões de pessoas – com cerca de 20% vivendo abaixo da linha da pobreza. E uma parcela desses pobres é justamente composta por transexuais. São aproximadamente 300 mil que ganham a vida na prostituição, na mendicância e na animação de festas.

"Nosso objetivo não é apenas dançar para os outros ou pedir esmolas. Nós também temos uma vida para viver", disse Sanam à AFP.

Sanam Fakir (ao centro) junto a sua equipe de campanha. Sanam é representante dos "eunucos", que na língua local  paquistanesa significa "pessoa transexuada". (Foto: Shahid Ali/AFP)
Sanam Fakir será candidato independente a uma cadeira no parlamento da província de Sind, mas são poucas as chances de vencer neste reduto do Partido Popular do Paquistão (PPP, no poder), onde grandes famílias de proprietários de terras dão as instruções de voto aos seus empregados. Algo parecido com o conhecido “voto de cabresto”.

"Eu sei que será difícil, mas cada um deve contribuir para melhorar a sociedade. Não somos corrompidos, não temos famílias e nossos direitos são limitados", acrescentou Fakir, em referência à corrupção em seu país e a uma vida política feudal.

Sanam dirige uma organização que contribui para a educação de outros transexuais. "Nós temos instrução agora. Antes as pessoas riam de nós, mas começaram a nos respeitar", afirma.

A candidatura de Sanam, de 32 anos, não representa apenas o reconhecimento dos direitos dessa comunidade esquecida no país, mas sim o surgimento de uma pessoa que daqui a alguns anos poderá ser lembrada como a primeira figura que mostrou que as pessoas podem conviver em harmonia em uma sociedade conservadora.

As eleições no Paquistão, marcadas para meados de maio, também representam outro importante fato para a iniciante democracia local: será a primeira vez que ocorrerá um pleito logo após o governo conseguir o cumprimento de um mandato completo.

O tema, é claro, ainda será amplamente discutido por quem apoia ou reprova o reconhecimento dos direitos dos transexuais, travestis e hermafroditas. Ainda há muito conservadorismo no planeta, mas exemplos como o de Sanam devem ser seguidos.

Separar as pessoas em gêneros sim é algo necessário para a organização social de um país, mas há que se lembrar que todos nós somos representantes de um mesmo grupo: o dos seres humanos.

Alguns trechos foram extraídos de reportagem publicada no portal Terra.

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