23 de jul. de 2013

Torre de Babel

É meus amigos e minhas amigas. Este blogueiro é mais um dos milhares de jornalistas que estão em busca de uma de uma recolocação profissional neste meio que está passando por mudanças que nem mesmo o mais experiente dos jornalistas sabe ao certo aonde isso vai nos levar.

As redações assistem a demissões em massa para a redução de gastos; enxugamento de cadernos; contratação de estagiários, freelas e PJ’s para que com isso haja menos investimento em salários e em vínculos empregatícios; entre outros fatos que já fazem parte do dia a dia do mercado jornalístico deixam os profissionais – empregados ou não – ainda mais atentos ao que poderá se tornar o jornalismo desse futuro que parece estar cada vez mais perto.


E fatos como esses acontecem logo em um nicho profissional que tem como atores principais profissionais que representam o dito quarto poder do Estado e que sempre são lembrados como grandes detentores de conhecimento. Mas ao que me parece – e acredito não ser o único a enxergar isso – é que toda essa grife que os jornalistas têm só serve para massagear seus egos e muitos ignoram esse espírito social deixando de lado algo que seria de fundamental importância para o futuro da categoria que é a organização desses profissionais em grupos que militem por melhorias no jornalismo brasileiro.

Quem consegue enxergar uma luz no fim desse túnel?



Algo que me chama muito a atenção: como é que pode ser possível que profissionais tão letrados e politizados fiquem tão resignados diante de um cenário que a cada dia segrega mais e mais profissionais cheios de vontade de trabalhar, mas que se veem diante de um mercado sem verba para investimentos ou que prefere investir cada vez mais em mão de obra barata e que topa qualquer parada na hora de trabalhar?

Essa situação para mim se parece muito com a do mito da Torre de Babel que segundo consta na Bíblia, começou a ser construída numa época em que o mundo inteiro falava a mesma língua e com as mesmas palavras. Sendo assim, a Torre seria construída por essa população com o intuito de chegar ao céu porque o homem queria ser como Deus. Deus, então, parou este projeto ao confundir a linguagem de cada um para que todos passassem a falar línguas diferentes. O resultado? Eles não conseguiram mais se comunicar e o trabalho foi parado.

É a sensação que tenho. São muitos jornalistas falando sobre as necessidades de mudanças, que é preciso ter mais investimento nos veículos, que jornalistas não podem se sujeitar a trabalhar tanto ganhando pouco e com acúmulo de funções e há pouca gente que de fato escuta tudo isso e se mostra sensível em arregaçar as mangas e mudar esse atual cenário dessa profissão que acredito ainda manter certo glamour.

Ao que me parece também os discursos politizados dos jornalistas que clamam por mudanças na política do país não se fazem ouvir por eles próprios quando é necessário se unir para militarem em prol de políticas públicas que possam beneficiar os meios de comunicação. Muito embora eu saiba também que há todo um imbróglio com relação, por exemplo, às concessões de TVs e Rádios (mas isso é assunto para outra postagem).

A exemplo do que vimos com o Jamanta (interpretado pelo ator Cacá Carvalho) na novela global “Torre de Babel” (de Silvio de Abreu), espero de verdade que os jornalistas idealizados por este escrivinhador de fatos não tenham morrido.

Esperamos que os jornalistas que querem mudanças no jornalismo brasileiro façam como o Jamanta e não morram

Há inclusive um excelente texto que trata desse assunto no site da Página 22. Acesse o link para ler Imprensa sem papel.
Sei que não tenho ainda muita experiência profissional e peço desculpas se estou cometendo algum grande erro nesta análise. Apenas estou sendo guiado pela minha paixão pelo jornalismo que é fortemente pautada em outro mito, o do Super Homem. Mas fiquem a vontade para me interpretarem da forma como preferirem e podem deixar seus comentários se desejarem, afinal este blog se propõe a ser um espaço da pluralidade de opiniões.

Charge extraída do site OJornalista.com


2 comentários:

  1. Na faculdade, o professor Jorge Tarquini certa vez disse que não existe revolução de cima pra baixo. Não concordo integralmente com esse pensamento, mas, nesse caso, ele reflete boa parte do que penso.

    Realmente, há temores bem fortes de todo mundo que trabalha em redações e com a parte editorial do Jornalismo. E é claro que eu, como jornalista, não gosto de passaralhos, cortes, demissões em massa e etc. Mas eu tento enxergar o outro lado - não só nessa questão:

    Existem vários jornalistas que não merecem essa alcunha. Lidam com fontes, fazem entrevistas e tem seus textos como qualquer outro dessa área; mas escrevem mal, apuram mal, entrevistam mal, se contentam em fazer ~~grandes reportagens~~ na base do press release, do e-mail e do telefone e ficam satisfeitos apenas em publicar esse material, sem o mínimo de auto-crítica e olhar para ver o que as pessoas acham do trabalho feito.

    Se esses são maioria eu não sei, mas eles são muitos.

    As próximas etapas da bola de neve são óbvias: com tantos erros no trabalho a audiência do veículo cai; o empregador começa a perder espaço na mídia; e tem que fazer demissões por não dar conta de tanta gente em sua área editorial.

    Acho que uma redação ainda pode ser grande se um bom trabalho for feito por boa parte (pra não dizer todos, já que seria uma espécie de heresia) de quem está lá dentro. Sem preguiça, com o respeito ao que foi ensinado na faculdade, com inspiração e com amor. O problema é muitos dos jornalistas que reclamam e não ouvem não olham para o próprio umbigo, para ver em si mesmo quais são os seus defeitos profissionais.

    É complicado...

    ResponderExcluir
  2. O problema é o choque causado pela internet no jornalismo impresso e de TV etc. Como resolver isto? Com o definhamento do jornalismo impresso, o que vai fazer o jornalista? Por enquanto prolifera o "jornalismo" de internet, onde todo mundo é "jornalista". Deus nos acuda!

    ResponderExcluir