O mês de junho de 2013 certamente já entrou para a
história quando vimos que o gigante não está mais adormecido quando milhões de
brasileiros saíram às ruas para protestarem não apenas contra os tais dos R$
0,20 como também contra a corrupção, os descasos com a saúde, os baixos
investimentos na educação e por aí vai. São tantos os problemas que tinha
manifestante erguendo cartaz dizendo que não havia espaço na cartolina para
tantas reclamações.
Fato é que por umas duas semanas o povo brasileiro fez com
que os governantes tivessem que recuar de suas decisões e começaram a ouvir o
que o povo queria para o país. É bem verdade de que ainda teremos que ter mais
inúmeros momentos como estes para que nossa política consiga evoluir para
níveis aceitáveis, mas o ponta pé inicial já foi dado e tem que ser repetido
muitas vezes porque uma democracia só consegue ser forte com a participação
popular pressionando todas as esferas de poder para que executem bons
trabalhos.
O que deixou muitos governantes de cabelo em pé foi verem
a força que as redes sociais têm em mobilizar rapidamente um grande número de
pessoas e também que por meio dela é impossível abrir discussões com os líderes
de movimentos a fim de negociar o fim dos protestos.
Eis que em meio a esse cenário, o Governo Federal lançou
oficialmente, na semana passada, a Rede Social oficial do Governo chamada de
“Observatório Participativo da Juventude” que passou a ser chamado de
“Participatório”. Com layout parecido com o do Facebook, o tal do Participatório
já vinha sendo desenvolvido muito antes de toda essa onda de manifestações
Brasil afora sendo que em outubro de 2011 surgiu o primeiro desenho e em
dezembro de 2012 o projeto começou a ser executado.
O Participatório se define como “um ambiente virtual
interativo, voltado à produção do conhecimento sobre/para/pela a juventude
brasileira e à participação e mobilização social. Inspirado nas redes sociais,
pretende promover espaços e discussões com foco nos temas ligados às políticas
de juventude”. E também diz ser um híbrido entre o formal da academia e a
fluidez das redes. Sem contar que essa plataforma está integrada para ter
interação com todas as outras redes sociais. Mas aqui não irei discutir o lado
operacional da coisa.
Fato é que essa medida mostra uma ótima sinalização que o
governo tem de se aproximar dos novos formadores de opinião da sociedade que
são os jovens e internautas que a todo o momento bombardeiam a rede mundial de
computadores com reflexões, questionamentos e conteúdos com teor político e que
mostraram em junho passado que são capazes de fazer muito barulho ao
reivindicarem por mudanças no país.
O que podem pensar é que essa rede terá censura se algum
conteúdo não agradar ao Governo, mas no próprio site há a garantia de que não
haverá censura sendo que “todos os assuntos são válidos se mobilizam a
juventude e os usuários poderão organizar suas comunidades e seus debates,
discutindo todos os aspectos das políticas públicas de juventude. Os conteúdos
postados são de responsabilidade dos mesmos, inclusive no tocante a direitos autorais”.
Mas é claro que todos sabemos que não podemos sair publicando textos e
pensamentos com palavras de baixão calão, né?! Tirando isso tudo é válido, e o
melhor é que sejam publicadas apenas verdades.
Por outro lado, dias depois, o governo também anunciou que
irá montar um Gabinete Digital para acompanhar o que acontece no mundo digital
e pelo que foi publicado na Folha de S. Paulo, o objetivo é abastecer o
mundo cibernético com dados oficiais; monitorar e pautar o debate virtual;
fazer disputa de versões, desfazer boatos e tentar, na medida do possível,
colocar a presidente Dilma Rousseff em contato mais direto com internautas.
São frentes de trabalho que vão
em lados opostos. O Participatório surge como ferramenta que poderá ser
produtora de pautas e projetos que visam a implantação de Políticas Públicas,
já o Gabinete Digital tentará evitar o "susto das ruas" tendo em
vista que os protestos de junho foram articulados na internet sem que o poder
público conseguisse capturar a movimentação e, menos ainda, reagir.
Tenho para mim que essa medida será feita para entre
outras consequências ser, por exemplo, apenas mais um potencial fator para que
um novo cargo seja criado pelo Governo para que algum novo Assessor faça um
trabalho que não deveria existir se todos os Governos fizessem os seus
trabalhos de forma isenta e sem impunidades de corrupção. Mas já que o Governo
se mostra aberto ao diálogo, vamos ver se essa medida trará bons resultados
para a sociedade porque também sabemos que todo Governo adora mostrar que está
trabalhando criando Comissões e Grupos de Trabalho especiais para tratar de um
assunto em específico. Faz parte do show.
O comunicador Vinicius Dennis, meu amigo, foi muito lúcido em
seu comentário recente no Facebook – o qual acredito ser muito relevante para
este post:
“As redes sociais
seguem a mesma lógica, demandando das empresas, políticos e partidos a
produzirem atrativos objetivos. Qualquer organização ou partido político que
entende as redes como espaço exclusivo para a publicidade, ou seja, como espaço
para exibição de conteúdo centrado na própria imagem e distante do desejo do
público, está fadada a fracassar diante do poder da coletividade digital.”
Esperamos então que com essas novidades vindas de Brasília
o Governo de fato tenha mais interesse em ouvir a população e que a chame mais
vezes para o debate político propositivo para o país sem o velho blá blá blá
politiqueiro do qual estamos fartos.
Menos falatório, promessas, lobbys e desvios de verbas.
Mais ação, transparência, participação popular nas tomadas de decisão com governantes
éticos e interessados no bem comum.
Aguardemos as cenas, e postagens, dos próximos capítulos
da história da nossa democracia...
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